17 agosto 2006

Cortiça: sector ameaçado e em decadência

ENTREVISTA A ANTÓNIO EUSÉBIO – PARTE 1
In: Região Sul

António Eusébio clarifica-nos acerca do futuro
do sector corticeiro na serra algarvia.

A Feira da Serra apresentou este ano o Sítio da Cortiça. Na apresentação do evento, falou em “homenagem” ao sector, e em sensibilização do poder central para os problemas que o sector enfrenta. Qual é o ponto da situação?

AEJá tive a oportunidade de sensibilizar alguns membros do Governo para a grande importância do sector corticeiro.
É um sector que sempre contribuiu imenso para Produto Interno Bruto, e que noutros tempos deu emprego a muitas centenas – se não milhares de pessoas. Recordo que chegámos a ter em São Brás cerca de 180 fábricas de cortiça. Embora muitas delas fossem de âmbito familiar, ou seja, de pequena dimensão, pela sua quantidade dá para imaginar o emprego que o sector da cortiça originou no nosso concelho. E hoje em dia é um sector em decadência, não só pela parte industrial mas fundamentalmente pela produção directa no terreno: o sobreiro está em decadência devido à chamada doença do sobreiro; em cada propriedade tem vindo a secar mais de 30% ao ano, o que é preocupante e nos leva a crer que nos próximos 40 ou 50 anos podemos estar numa fase em que já não há cortiça para tirar. Depois, há uma concorrência que tem sido feita por outro produto, o sintético, que tem vindo a ganhar terreno no que toca à parte comercial dos vinhos, com as rolhas sintéticas. Ora, se este sector não é olhado com outra perspectiva, não só para incentivar os nossos industriais a continuarem o seu trabalho mas também no âmbito de estudos sobre o que provoca a doença do sobreiro, muito rapidamente poderemos não saber de onde retirar cortiça.
Em cima disso tudo temos os fogos florestais, que a politica de ordenamento florestal não tem conseguido combater. Penso que as medidas que têm sido tomadas este ano têm minimizado os fogos, mas se não houver uma mudança radical na política de ordenamento florestal, o abandono da serra do Algarve continuará a dar-se, originando cada vez mais fogos florestais de grande dimensão. A serra tem de ser vista nos planos de ordenamento como um potencial de residência para o Homem, porque o Homem sempre esteve ligado à serra. E essa permanência na serra pode contrariar a existência de áreas tão densamente povoadas com espécies arbóreas que facilitam os fogos florestais. Tem de haver uma ligação entre os planos de ordenamento, motivando as gentes rurais a viverem na serra, contrariando a actual desertificação que se verifica. Só desta forma a serra pode ter vida, contribuindo para que o sobreiro não desapareça, e mantendo a indústria corticeira no nosso país.

E o que é se pode fazer para contrariar a doença do sobreiro? Requer investimento na investigação?

AE – Têm sido já feitos alguns estudos, nomeadamente pela Universidade do Algarve e por vários produtores florestais no nosso país, mas também na vizinha Espanha, porém ainda não são totalmente conclusivos. Ainda não foi encontrado um remédio. Há apenas indicações para minimizar os efeitos da decadência do sobreiro. E o que é certo é que a cada dia que passa há árvores que iniciam o seu processo de secagem. Temos de olhar o problema tão séria como rapidamente, tentando descobrir uma solução para regenerar esta espécie, para que, pelo menos os novos sobreiros consigam sobreviver, chegar a adultos e dar boa cortiça, o que actualmente não acontece: morrem antes de chegar a adultos. (...então não se pode fazer nada?... olhar o problema de forma séria, toda a gente olha, mas daí não passamos!... parece um problema sem solução a médio prazo.)

As causas da doença são conhecidas?

AE – É uma questão técnica complicada. São apontadas várias possíveis origens. Uma delas é a questão das chuvas com um período de seca maior nos últimos anos. Outras apontam mesmo para o natural envelhecimento da espécie. Outras apontam para a origem de fungos que contaminam de árvore para árvore. Enfim, são vários factores associados que acabam por originar o fenómeno. (... e não há solução à vista!)

Confessamos que depois de ler-mos as respostas do Sr. Presidente ficamos com a ideia que o sobreiro é espécie em vias de extinção… Entre a doença, os fogos florestais, a politica de ordenamento florestal e a ineficácia dos nossos autarcas a cortiça desaparecerá nos próximas centenas de anos!... Esperemos que não!... mas com certeza é necessário que autarcas como António Eusébio façam mais que “sensibilizar alguns membros do Governo”.

5 comentários:

Anónimo disse...

"A serra tem de ser vista nos planos de ordenamento como um potencial de residência para o Homem"
"Tem de haver uma ligação entre os planos de ordenamento, motivando as gentes rurais a viverem na serra, contrariando a actual desertificação que se verifica. Só desta forma a serra pode ter vida, contribuindo para que o sobreiro não desapareça"

Sr. Presidentes, então agora anda a mudar a sua cor politica?! Isto é discurso mais pró lado dos Verdes e da CDU... Ou será que as terrinhas todas que a sua família tem lá prós lados da serra não ganham mais valor se lá puderem ser construídas vivendas e usa-se o sobreiro e o êxodo rural como fachada para esta conversa toda tão bonita e ecológica???
Isto para mim é mais um dos seus gatos escondidos com rabo de fora… aliás a “aldeia turística” de que o seu mano desfruta nos Machados se calhar não tem nada a ver com este discurso? Já ouvi o zum zum que os terrenos REN lá em volta e o olival do seu papá andam com uns projectos de urbanização luxuosa bastante apetitosos €€€€€ para uma certa construtora amigalhaça… só falta alterar os planos de ordenamento do território, que até para si vai ser coisa fácil com a passagem por lá da “2ª fase da Circular Norte e com a aposta importantíssima da Ligação à Via do Infante.”

e viva a “A Solidariedade, o sol que ilumina toda a nossa acção” HIP HIP HURRRAHHHHHHH!

Anónimo disse...

ca ganda medusa meu...quem fala assim não é gago...e quem escreve assim não é maneta...parabéns meu so espero que continues a mandar comentarios apimentados p'ra malta apreciar...ta-se bem

Ass: O Curioso

Anónimo disse...

Será por causa dessas negociatas que o pessoal do PS anda a comprar terrenos, em nome das mulheres, dos primos ou dos sogros, nas zonas que poderãm sofrer profundas alterações com o Protal e o PDM?....

Há veredor que com o numero de terras que comprou ultimamente provavelmente se vá dedicar à agricultura! he! he! he!

ass: Social(ISTA) Democrata

Anónimo disse...

os senhores e senhoras sabem que a CHINA ja começou a EXPORTAR cortiça ? com desconto de 75%.

Anónimo disse...

a china e não so...

com espinhas