Dos mil milhões que a região teve disponíveis (embora até à data tenha investido cerca de 700 milhões) até ao fim deste ano, o novo quadro comunitário de apoio “fecha a torneira” para uns míseros 250 milhões de euros, cerca de um quarto do valor anterior. A justificação é de que o Algarve, a par com Lisboa e a Região Autónoma da Madeira, deixaram de ser “pobrezinhos”.
Como é bem de ver, muitos dos projectos que os decisores – fundamentalmente autarcas – perspectivavam concretizar ainda nos próximos 6 anos, parecem destinados a ficar eternamente na gaveta, pese embora a contestação que já começou, exigindo ao Governo uma compensação para o Algarve.
Do lado do Governo, e segundo palavras do Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Rui Baleiras, chegam “sinais” políticos de preocupação, e promessas de atenção ao caso “especial” do Algarve. Lembra no entanto o Governo – para aqueles que já estão esquecidos -, que já em 2000 as verbas destinadas pelo Quadro Comunitário de Apoio (QCA) ao Algarve eram não de mil milhões, mas sim de 500 milhões, e que foi o Executivo, antecipando já na altura que isto iria acontecer com o Algarve, que decidiu afectar os restantes 500 para que a região se preparasse para o “corte”.
Pois é. A avaliar pelas queixas agora existentes, o Algarve não se preparou. Transformado numa “ilha rica”, rodeado pela Andaluzia e Alentejo – ambos objectivo 1, ou seja, pobres – o Algarve sofre agora com o seu próprio desenvolvimento.
Queixam-se os autarcas - e com alguma razão - de que Alcoutim, Aljezur, Monchique ou mesmo S. Brás de Alportel, só por anedota poderiam ser considerados ricos. É certo. Mas e que culpa tem a União Europeia disso, se o dinheiro veio entretanto? E que culpa cabe aos autarcas, e ao Governo? E a todos nós, portugueses?
O Governo, ou pelo menos, alguns dos seus representantes que estiveram em Faro na apresentação das estratégias para o futuro, reconheceram o “fracasso estrutural”: que estivemos 20 anos a receber dinheirinho, mas que o país pouco andou para a frente, ficou a ver os outros passar…
Permitam-me discordar. Basta olhar um pouco à volta para ver que, com os fundos comunitários, muita coisa mudou. Os automóveis passaram de latas velhas a carros topo de gama, as casas simples transformaram-se em condomínios fechados, os botes de pesca passaram a barcos de recreio, os óculos de massa passaram a custar dez vezes mais, mas são do Armani!
E nesse aspecto, os fundos fizeram milagres, o chamado “milagre da visão”. Da visão não só dos políticos, mas da grande maioria dos portugueses. No Alentejo, enquanto a Europa via barragens, nós víamos jipes. No Norte, enquanto a EU via indústria, nós víamos Ferraris, no Algarve enquanto os comissários viam desenvolvimento regional, nós víamos só praia e golfe.
Na realidade, e quase 500 anos volvidos, voltámos a ser aquilo que sempre fomos, os maiores, os Campeões! Somos campeões do Mundo no futebol, apesar de só termos o 4º lugar. A maior ponte é nossa, a maior Expo também, o maior aeroporto que ainda vai ser, o maior lago da Europa, a maior árvore de Natal, o maior bolo-rei, nisto de sermos os maiores há alguém maior que nós??
O que nos trama mesmo são as estatísticas do crescimento… só aí é que, vá-se lá saber porquê, somos sempre pequeninos.
4 comentários:
Crónica de um final Anunciado
Sempre ouvi dizer que ninguém dá uma chouriça sem depois pedir um porco.
Chegou a hora de pagar a factura. Isto é como um banco. Um gajo vai lá, pede a massa e a seguir temos que devolver o empréstimo e claro vêm os juros e por aí a fora.
Aqui passa-se o mesmo. Eles emprestaram, nós começamos a pagar mas, como não pagamos como deviamos, eles não emprestam mais e hão-de vir cá buscar o capital em faltae mais qualquer coisinha.
Mais uma vez não conseguimos aprender com os erros do passado. Foram as fortunas esbanjadas com as riquezas dos descobrimentos e com o ouro do brasil e agora, foram os fundos comunitários...
Chego a pensar que o Salazar tinha razão ao não deixar esta gentinha pensar pela própria cabeça...
Preparem-se para a luta e arregacem as mangas porque a mama acabou!
Ass: Fiquem Bem!
Era de esperar…os fundos comunitários não são um «poço sem fundo» e mais dia, menos dia teríamos de nos ver a braços com este «problema». É o que dá comparar os referidos fundos ao maior mito da nossa nacionalidade, vulgo, D. Sebastião…prometem prometem, esperamos, esperamos mas nunca chega. Com o fim dos fundos foi a mesma coisa, ameaçavam, ameaçavam, não acreditamos, não acreditamos e pummmmmmmm!!!
Mas agora a questão já está um passo mais à frente, deveremos mesmo acreditar nas promessas do governo de ajuda, a nós, coitadinhos, que somos pobrezinhos? Sou céptico de nascença e, como já não tenho idade para acreditar no pai natal, permitam-me manter as minhas desconfianças e continuar a votar no «acredito quando acontecer».
Durante os 20 anos em que fomos «vitimas» dos fundos, estes, souberam-nos a pouco, porque quem se habitua a muito não se consola com pouco. É como um parente pobre…
Quanto à ideia de «grandeza» continua e creio que continuará sempre associada à mentalidade do nosso povo.
Ass: VR
Chegou o momento para muitos dos autarcas e outros subsidio dependentes mostrarem o que valem...
é certo que na sua maioria nunca se preocuparam com o "fecho da torneira" ninguém está preparado para isto, nomeadamente s.bras, onde as receitas próprias são diminutas tem-se por isso que contar sempre com o dinheiro que vem do orcamento ou dos fundos comunitarios para se efectuar alguma coisinha.
e agora?...
como já vem sendo hábito portugues, agora o timoneiro abandona o barco!
-->judas<--
chegou também o momento fatal p'ros espertalhões que passeavam de jipe com os subsidios de Bruxelas...os autarcas levam uma trombada de bruxelas que até doi às tantas até teem uma trombose e os chicos espertos uma jipose...mas a malta ja ta habituada a fazer sacrificios sobretudo com o dinheiro dos outros..hé hé hé
o coiso
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