A residir na Argentina, mais precisamente em Buenos Aires, há 49 anos, a família Lopes atravessou o oceano à procura de novas oportunidades, como tantos outros portugueses na vaga de emigração dos anos 50.
Naturais de S. Brás de Alportel, Maria Luísa Conceição Viegas dedicava-se ao trabalho no campo e à costura, e António Lopes era músico e sapateiro, arte que lhe viria a ser útil mais tarde, com a abertura de um pequeno negócio de sapataria na Argentina, onde a esposa ajudava.
Maria Luísa e António, falecido há dois anos, rumaram à Argentina com o sonho debaixo do braço. Ela com 25 anos e ele com 35, jovens e sem nada a perder, atravessaram o oceano em busca de uma vida melhor.
Actualmente, a família Lopes é proprietária de um pequeno quiosque e pretende avançar com o projecto da pousada “San Bras Alportel”, que deverá estar pronta em 2007.
A ideia de construção da pousada “San Bras de Alportel” surgiu há dois anos, como uma forma de homenagem de Victor Lopes, o mentor deste projecto, aos seus pais, António Lopes e Maria Luísa Conceição Viegas, ambos naturais daquele município algarvio e emigrantes na Argentina.
A pousada “San Bras de Alportel” é a primeira pousada portuguesa de Villa General Belgrano, localidade turística localizada na zona central da Argentina, a 86 km de Córdoba, capital de distrito, e a 780 km de Buenos Aires.
Uma das localidades mais procuradas para o turismo na Argentina, Villa General Belgrano é enquadrada num cenário serrano pelas Sierras Grandes e Sierras Chicas e é caracterizada por um estilo da Europa central, fruto dos muitos emigrantes alemães, suíços e austríacos que se fixaram naquela zona.
A escolha daquela localidade para construir a pousada foi feita a pensar no seu enorme cariz turístico, mas também no facto de, como Maria Luísa insiste, “fazer lembrar Portugal”.
Na decoração da pousada foi tido em conta o estilo português e o cuidado de apetrechar o espaço com fotografias e objectos típicos algarvios, de forma a dar a conhecer as origens lusas daquela família de emigrantes.
Maria Luísa tem agora 73 anos, é reformada, tem três filhos e netos fixados do outro lado do oceano. Afirma que hoje não regressaria a Portugal, mas não por falta de vontade, mas porque as raízes criadas ao solo argentino já não permitem.
Se hoje fosse jovem, pelo contrário, regressaria a Portugal no dia seguinte, “com os olhos fechados”. A incursão num país diferente pouco trouxe de vantajoso, “vim para uma capital e não houve progresso” e confessa que a cada regresso a casa sente que tudo aquilo ainda é seu.
Num país novo, as dificuldades de adaptação foram poucas, até porque a língua não era um grande obstáculo. No entanto, as maiores barreiras viriam a ser a saudade e o sofrimento de estar longe do país de origem e da família.
Família de S. Brás de Alportel lisonjeada com representação na Argentina
As visitas a Portugal são feitas com alguma regularidade e o contacto com a família é permanente. Maria Luísa tem uma irmã, Teresa Conceição Viegas, um cunhado António Carneiro e uma sobrinha, Luísa Carneiro. Tem ainda um irmão, Manuel Viegas e uma cunhada.
A família sedeada em S. Brás de Alportel considera curiosa a iniciativa, uma vez que o seu responsável, Victor Lopes, filho do casal de emigrantes algarvios, nunca veio a Portugal.
Luísa Carneiro, sobrinha de Maria Luísa Viegas, faz um balanço positivo da construção da pousada “San Bras de Alportel” e afirma que este é um projecto engraçado.
“Ver a nossa terra representada é muito bom e é curioso, porque o meu primo [Victor Lopes], não conhece Portugal, nem S. Brás de Alportel”.
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