04 fevereiro 2008

Eco Familia Sambrasense

Famílias algarvias tentam saber onde gastam água

Texto e Fotos : João Tiago in Jornal o Barlavento


Os Torpes eram uma família comum: não gastavam água sem fim, mas também pouco se preocupavam em reduzir o consumo. Agora, querem ser uma EcoFamília e, com a sua experiência, ajudar os lares algarvios a eliminarem os consumos excessivos.

Nunca tinham pensado na importância de conhecer quais as actividades domésticas que mais água consomem, mas agora que os Torpes se entregaram ao desafio de ser uma EcoFamília, Rosa, a mãe, põe-se a adivinhar o que mais pesa na factura da água: «são muitas máquinas de roupa todos os dias».

Adivinha, mas não sabe ao certo. «Também se desperdiça muito enquanto se espera que a água do duche fique quente...», põe-se a pensar.

Desde o início do mês, a Águas do Algarve instalou na sua casa, em São Brás de Alportel, um equipamento que irá desfazer as dúvidas e ajudar a família Torpes a ser mais poupada.

Como membros de uma das dez famílias seleccionadas pela concessionária do sistema multimunicipal de abastecimento de água do Algarve, para integrar o projecto EcoCasa Água, têm instalado no seu contador da água um sistema de medição por telemetria.


«Os dados são enviados pela Internet e é possível identificar os picos de consumo», explica Teresa Fernandes, da Águas do Algarve. Essa informação será depois cruzada com uma tabela dos consumos que cada membro da família terá a responsabilidade de registar.



A meio do ano, a empresa resume a informação e entrega à família, que ficará então a saber em que actividades gasta mais água. Sabe-se que só o autoclismo, os duches e banhos são responsáveis por mais de 60 por cento da água. São dados gerais que a Águas do Algarve quer confirmar, até porque cada família tem os seus próprios hábitos.

«Os consumos de água variam em função das tipologias de habitações, dos dispositivos existentes e do número de elementos que compõem o agregado familiar», refere Teresa Fernandes.

É por isso necessário caracterizar primeiro os consumos realizados, em diversas alturas do ano, para depois avançar com planos de racionalização de água.

Não é que Rosa, ou mesmo a pequena Beatriz, com 9 anos, considerem que há muito onde poupar. Os quatro Torpes consomem cerca de oito metros cúbicos por mês, o equivalente a uma factura de 13 ou 14 euros mensais.

«Mesmo que andasse preocupada com isso, não servia de nada pois tenho que usar a água», confessa Rosa. Mas, embora considere que não é de estragar água, vai-se lembrando que o facto de passar a louça por água antes de a levar à máquina «é bem capaz de desperdiçar muita água».

O objectivo do projecto da Águas do Algarve e da associação ambientalista Quercus é precisamente sensibilizar as famílias para a poupança, através da mudança de comportamentos. Mas não é só: com o plano de racionalização, a empresa irá instalar dispositivos como redutores de caudal no chuveiro e ponteiras economizadoras nas torneiras.

Normalmente, este tipo de equipamento é capaz de reduzir os consumos entre 30 e 50 por cento. Para confirmar isso, os Torpes vão poder consultar os seus consumos na Internet e identificar as diferenças.

Os autoclismos da casa dos Torpes, graças a André, o filho mais velho da família, já têm uma garrafa no seu interior para minimizar a descarga. Mas é o mesmo André que, quando não toma banho no treino, fica uma eternidade no chuveiro de casa, até que Rosa se vê obrigada a desligar o esquentador.

A custo, Beatriz vai lembrando o que aprendeu na escola. «Às vezes não chove muito e depois falta água», pelo que vai repetindo a mensagem que lhe foi ensinada: «devemos aproveitar, por exemplo, a água com que se lava os legumes, para regar as plantas».

Independentemente dos resultados do projecto, uma primeira vitória vai saltando à vista dos Torpes. «Não fosse termo-nos voluntariado e não me sentia motivada a poupar», reconhece Rosa, que ficou a conhecer a iniciativa através da escola onde trabalha como cozinheira.

Ainda assim, se visse a factura da água subir 50 por cento, não era para dentro de casa que olhava. «Ia à Câmara Municipal saber o que se passava», diz.

Projecto quer chegar a todas as famílias

São apenas dez as famílias algarvias abrangidas pela fase piloto do Projecto EcoCasa – Água, mas os conhecimentos que daí resultarem vão servir para dar conselhos a todas os agregados familiares da região.

A Águas do Algarve, juntamente com as autarquias, pretende, no final do ano, fazer uma estimativa dos principais desperdícios das casas algarvias, com base na informação recolhida da amostra de lares.

Esses dados deverão depois ser objecto de discussão em congressos e seminários por toda a região, que servirão para sugerir medidas de redução dos consumos.

A partir daí, exposições e uma campanha de sensibilização prometem agitar consciências e mostrar o que cada família pode fazer para ser uma EcoFamília.

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