José Queiroga Valentim, Presidente do Conselho de Administração das Pedras d’El Rei é um homem do turismo, como tal está ligado a duas associações. Uma delas a AHETA sendo vice-presidente e uma outra que foi criada na zona onde exerce a sua actividade, a ASA – Associação do Sotavento do Algarve
a Avezinha – É sua convicção de que a ASA possa ser um grande dinamizador das potencialidades do sotavento algarvio?
J.Valentim – É verdade e é essa a nossa ambição. Foi criada no âmbito de promover a zona do Sotavento mais precisamente Olhão, Vila Real de Stº António, passando por Castro Marim, Alcoutim e S. Brás de Alportel. Esta é a zona que nós apostamos. Não digo que estivesse esquecida mas está mais atrasada. Lutamos agora para um bom desenvolvimento pois tem muitas potencialidades. Estamos empenhados em mostrá-la ao mundo fazendo com que cresça turisticamente.
aA – Para além desse aspecto, sabe-se que foi nesta zona que surgiram os primeiros empreendimentos turísticos em Tavira e
J.V. - Isso já não sei. Esta foi pioneira ainda que a Praia da Rocha também o tenha sido, bem como as Açoteias e Albufeira. Talvez a facilidade nos acessos tenha sido um dos motivos, dado que esta é uma zona periférica ou porque souberam fazer uma boa promoção.
a A – Como está a ser feita a promoção aqui?
J.V. - Essencialmente pela Associação de Turismo do Algarve (ATA) e durante três anos foi feita pelas P.A.Es (Planos específicos). Neste momento acabaram e está a ser feita pela ATA em conjunto com os particulares. A promoção interna é feita pela RTA.
a A – A vossa associação trabalha em conjunto ou tem uma actividade separada?
J.V. - Temos angariado sócios e neste momento quase todos os hoteleiros estão associados. Há ainda os restaurantes, escritórios, farmácias, advogados e particulares. É uma associação que pretende criar no sotavento algarvio uma cultura turística. Todos temos que trabalhar para o turismo sabendo receber com simpatia e acolhimento. Devíamos preocupar-nos com a promoção de Portugal e especificamente do Algarve mas, como sentimos algumas dificuldades, decidimos enveredar por lutar pelo Sotavento. Apesar de em extensão geográfica ser enorme, em hotelaria representa 10% das camas turísticas e apenas 5% da facturação. É isto que queremos modificar. Precisamos de empreendimentos de mais valia e eventos de categoria superior. Sentíamos que havia alguma dificuldade na promoção e neste momento queremos ficar iguais ao barlavento. Podemos ter em proporção camas, tão dignas e tão boas como têm outras unidades hoteleiras. Há que lutar pela qualidade para que esta nos traga o poder da facturação. Os custos de uma aldeia destas em Stª Luzia ou em Albufeira são iguais. Depois o poder de facturação é diferente. Temos que lutar para que as empresas possam viver. A nossa associação tem 3 anos e já com algum trabalho feito.
a A – Que balanço faz, em termos de funcionalidade, destes 3 anos?
J.V. - Estamos contentes. Trabalhamos com associados privados e com as câmaras do sotavento que nos têm apoiado.
a A – Já fizeram alguns eventos?
J.V. - Temos feito vários. O mais importante é trazer os jornalistas e os operadores turísticos. Já trouxemos mais de 400 agentes de viagens a visitar o sotavento e mais de 150 jornalistas de todo o mundo. Claro que tudo isto demora o seu tempo, as coisas estão a evoluir e a zona está a crescer. As câmaras municipais também têm preocupação na divulgação dos seus concelhos. A RTA tem feito o seu papel e todos nós estamos a trabalhar no mesmo sentido.
a A – O facto de pertencer à AHETA também tem ajudado?
J.V. - Claro! A AHETA é mais ampla e não é especificamente de promoção mas com o seu poderio todo, é importante.
a A – Acha que o golfe pode atenuar a sazonalidade?
J.V. - Sem dúvida. Temos belíssimos campos de golfe que com a aproximação de Espanha nos traz uma mais valia e uma oportunidade, para toda esta hotelaria vencer a sazonalidade. O golfe funciona em épocas, não de sol e mar, que aqui costumamos chamar de sol e praia. Temos uma marina em Olhão, outra mais pequena
a A – Não podem potenciar esses sonhos?
J.V. - Temos dado algum contributo, julgo que se passa isto na comunicação social, é um contributo mas muito pequenino. Penso que todos juntos poderemos fazer um bom desenvolvimento.
a A – A proximidade de Espanha poderá ser melhor aproveitada?
J.V. - Gostava de dizer que a proximidade dos espanhóis pode ser aproveitada mas não sei se tem muito interesse a proximidade de Espanha. O espanhol começa a ficar mais tempo, o que é bom. Temos que ter marinas e ancoradouros capazes se quisermos atrair mais turistas, aproveitando o Guadiana. Há que construir alojamentos de grande qualidade, ter boa restauração e sermos diferentes dos espanhóis para que eles nos procurem. Diz-se que estamos a vender o Algarve aos ingleses e irlandeses. Eu não diria isso. O que é preciso é haver um plano de ordenamento, além de que o turismo residencial bem desenvolvido também é muito importante.
a A – Como está a ver no horizonre a área do turismo?
J.V. - Estou esperançado, com bastante optimismo mas precisamos de trabalhar. Se conseguirmos isso, o Algarve vai no bom caminho. Suponho que a ASA tem futuro. Hoje em dia o mundo não se compadece. Temos que entrar na modernidade e qualidade. Quando digo qualidade falo na animação, no saneamento, na limpeza. Aí conseguiremos vencer!
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