08 março 2006

Poeta da bandeira e da alimentação saudável


Bernardo de Passos, poeta da Bandeira e da alimentação saudável.

É um facto que os poetas portugueses estão esquecidos. Explicando, tirando Pedro Mexia, que aparece em tudo o que são jornais, editoras, blogs e colóquios, quem se lembra dos outros?

Na verdade, só quando fenecem e o coro do país se entristece.

Mas se há dias poéticos, hoje foi um deles. E tudo por causa de um poeta algarvio, de S. Brás de Alportel, Bernardo de Passos. Não sei se direi que o poeta é de S. Brás natural! Parece que o governo quer acabar com as freguesias que correspondem a concelhos; e nesse caso...

Bom, mas vamos ao que interessa. Antes de separar a «Notícias de Sábado» - revista do DN do dia - para o contentor do ecoponto, entretenho-me a recortar uma ou outra crónica para leituras dos meus alunos.

E lá aproveito para ler a crónica do Francisco José Viegas sobre restauração. Mas eis que dou com uma pequena notícia no fundo da página sobre o ensino do estômago.

Leram bem! Trata-se de um projecto do Gabinete de Nutrição do Centro Regional de Saúde Pública que avalia a qualidade da alimentação nas escolas públicas. O que interessa aqui, e que tem a ver com o poeta de «Ecos da Serra», é que é justamente a Escola do Poeta Bernardo de Passos, de S. Brás de Alportel, que merece a distinção do Diário de Notícias.

Tudo porque a cozinheira da Escola promove o peixe grelhado, o arrozinho de polvo e – manjar dos deuses – a massada de tamboril. Da sopa já eu tinha ouvido falar, muito e bem. De parabéns está a D. Maria Otília Neto e o poeta Bernardo de Passos, um bom garfo neste caso.

Mas esta história cruza-se com outra. Deram pelos novos equipamentos da selecção de futebol para o mundial 2006? Camisolas marrons e calçanitos verde tropa?! E equipamento alternativo preto?

Não é que eu me perca de amores pela bandeira verde-rubra, cheia da coloração dos países pós-coloniais e já gasta de tantos anos de dinastias republicanas. O caso que me trouxe aqui é que o poeta Bernardo de Passos também foi um defensor acerado desta bandeira, no seu tempo de arrojo patriótico.

E esgaravatando nas simbologias da república encontro-o a versejar assim:
«[...] Ela é tão nossa já, a guiar-nos os passos...
De tal forma diz Pátria, essa bandeira bela,
Que ou esta Pátria vive erguendo-a bem nos braços
Ou esta Pátria morre amortalhada nela!»

Vejam lá se a bandeira também não nos alimenta, de forma saudável?


Helder Faustino Raimundo

Professor da Escola Superior de Educação da Universidade do Algarve


in: Barlavento

Sem comentários: