16 maio 2007

Lenda de Floripes

Filme sobre uma lenda olhanense
com estreia marcada para Setembro.

O filme “Floripes”, realizado por Miguel Gonçalves Mendes, sobre a lenda de uma moura encantada que deambulava por Olhão, vai ser exibido pela Lusomundo em nove salas do País, com o objectivo de chegar aos 20 mil espectadores.



Reza a lenda que Floripes era uma moura encantada, que deambulava todas as noites por Olhão, causando o medo à comunidade de pescadores, os quais, enfeitiçados por aquela bela mulher, na tentativa de lhe quebrar o encanto, morreriam ao atravessar o mar.

Nascido na Covilhã, em 1978, mas vindo logo depois para Olhão, Miguel Gonçalves Mendes passou a infância e adolescência a ouvir falar desta lenda, que achava “fascinante”, recorda o realizador do filme.

“Achei que a lenda acabava por ser um bom retrato da relação dos pescadores algarvios com o mar e com o além e a forma como iam construindo a imaginação”, refere Gonçalves Mendes. “É um retrato, aliás, das lendas todas que existem no Algarve. Mais do um produto local, isto é um retrato do Algarve.”

“Floripes” é, sobretudo, acrescenta, “um filme sobre processos de construção da imaginação”. “Como é que as pessoas lidam com as lendas, com os fantasmas? Por que razão têm necessidade de crer, e por que é que acreditam?”, questiona.

A película aborda três grandes temas centrais – a superstição, a religião (“vista também, de alguma forma, como um género pagão”) e o medo, “como causa e consequência tanto da superstição como da religião”.

“Mais do que fazer um retrato sobre as pessoas, procurei antes que elas me ajudassem a construir uma possível versão da lenda”, frisa o realizador. “Existem várias versões – contraditórias entre si – e, no fundo, aquilo que eu faço é criar uma nova versão.”

Miguel Gonçalves Mendes, para construir este “documentário ficcionado”, entrevistou os habitantes e pescadores de Olhão, Culatra e Hangares. É aí que o filme ganha vida, nas histórias de vida e recordações presentes nos depoimentos.

Para rodar esta longa-metragem, o realizador usou matéria-prima local. “No Algarve, também há bons criadores e bons profissionais, não é só em Lisboa”, assegura. São exemplos o compositor da banda sonora do filme, Paulo Machado, e o artista que fez a banda desenhada para o génerico, Miguel Mendonça.

Quanto aos actores amadores, recrutados em Olhão e sem formação específica, havia outra questão: a pronúncia cerrada e à maneira algarvia. “Pedi a actores amigos meus e ninguém conseguia falar assim”, recorda, entre sorrisos.

Da parte dos habitantes e entrevistados, a “receptividade foi fantástica”: “A minha ideia era a de que o filme fosse construído pela comunidade e para a comunidade – e isso foi o mais bonito, porque as pessoas emprestavam-nos os adereços, as casas para filmarmos e ficavam acordados a ver as filmagens – a maior parte foi feita à noite – até às cinco da manhã.”

“Floripes” vai ser exibido a nível nacional, a partir de Setembro, pela Lusomundo, em nove salas de todo o País. Além disso, também está prevista a sua passagem por festivais de cinema e salas internacionais.

“Queremos dar dimensão nacional a este filme construído por algarvios, de algarvios e sobre o Algarve”, atira Miguel Gonçalves Mendes. “Desejo que fosse o documentário – chamemos-lhe assim – português mais visto de sempre”, revela o realizador.

“É preciso que as pessoas divulguem o filme e vão ao cinema. Isto só pode ter sucesso se as pessoas forem ver o filme; se não houver público, não vale a pena. É necessário que as pessoas façam as pazes com o cinema português”, sustenta.

O realizador deseja que as pessoas apostem mais na cultura portuguesa: “O que constrói a memória de um povo é, essencialmente, a cultura e a ciência; dentro de 200 anos, ninguém se vai lembrar de quem era o Eusébio.” conclui.

Um filme a não perder!... até porque contou com a participação do Prior de S. Brás de Alportel, Padre José Cunha Duarte...




1 comentário:

Anónimo disse...

Mocê D'diabe..!! lá fizeram uma coisita sobre o Algarve, já fazia cá falta disto, e digo mais se eu tivevesse um maquina filmadora também andava aí a filmar, pois andam em S. Brás muitos filmes, que contados ninguém acredita..

P.S. quando sair o filme eu estou lá, podem contar comigo para os 20 mil