17 outubro 2006

Façamos o hino

A política algarvia parece ser um objecto perdido, se é que não é perdido mesmo.

Claro que não são os políticos que estão perdidos, esses até são uns achados, muito embora não façam deveras política, fazem quando muito cálculos que passam à tangente pela política. Aliás, a arte dos políticos que perderam a política é precisamente passar à tangente da política simulando entrar nela, uns por mero folclore activista, outros já por verdadeiro interesse profissional pois, pesando bem os salários, converteram-se em profissionais da política e como tal fazem carreira.

Nestas circunstâncias, a política algarvia está praticamente reduzida à escolha de listas de candidatos (autarcas, deputados), às nomeações de titulares dos cargos públicos tutelados pelas tangentes da política ou pelo jogo tangente da política, e também de vez em quando, para ornamentar a secção de perdidos e achados do que se faz passar por política, reduzida esta está a uns ataques descabelados e a uns contra-ataques sem sentido para que o povo, enfim, se recorde de que ainda há poder escrutinado pela Política e ainda há oposição com a mesma parte de alma da Política. Mas, na verdade, a Política – sobretudo a Política algarvia - parece ser um objecto perdido e que os profissionais pouco interesse revelem em achar. Há clubes à espera do jogo ou dos jogos do calendário, há massas associativas que até não se importam com a contratação para as suas hostes do mais terrível adversário de ontem desde que amanhã ele marque golos com a nova camisola, há jogadores, portanto.

Toda esta gente, obviamente, não ficará muito agradada se a PSP ou a GNR encontrarem por aí esse estranho objecto da política no quintal de trás de algum político tangente, e muito menos agradada ficará se os agentes comprovarem que o objecto da política algarvia foi roubado tal como as estátuas do Palácio de Estoi.
Como diria Macário, à falta de regionalização, façamos o hino.

Carlos Albino

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