02 julho 2007

Escolas Privadas


Sabemos que as pessoas e os governos de tendência mais socializante têm um certo pudor em fomentar a criação e o apoio às escolas privadas. A ideia é dizer que todos têm direito a uma educação igualitária e que é ao Estado que compete a educação dos seus filhos.

Pessoalmente não concordo nada com esta ideologia mais de esquerda, porquanto, quer queiramos, quer não, todos nós somos e seremos sempre pessoas diferentes, não só do ponto de vista económico, mas também em termos de personalidade, de aptidões e vocações. Não me choca que uma determinada pessoa nasça com um determinado ponto de partida mais modesto e outro com um ponto de partida mais abastado, desde que o Estado cumpra a sua função redistribuidora e de solidariedade social, dando condições a qualquer criança, adolescente, adulto ou idoso para ter acesso básico à saúde, educação, cultura e desporto.

Em concreto, a vantagem das escolas privadas são várias: é a possibilidade dos pais poderem colocar os filhos numa escola com a qual se identificam mais, em termos de valores ou até religião; é a possibilidade de garantirem aos filhos actividades extra-curriculares que porventura não existam nas escolas públicas; é a possibilidade de garantirem que os filhos permanecerão mais tempo na escola, com um horário alargado, o que nos tempos que correm com a menor disponibilidade dos pais acaba por ser um bem precioso; é a possibilidade de garantirem que os filhos não faltarão à escola por motivo de greve do sector público; é a possibilidade de escolherem uma escola, onde quer os alunos, quer os educadores são pessoas culturalmente mais selectas e onde uma auxiliar de educação não diz a uma criança para “ir mijar” ou os miúdos não tenham que beber água todos do mesmo copo ou estarem em salas pequenas cheias de colegas ou em que a alimentação seja de modesta qualidade.

É claro que há que dizer que há muitas escolas públicas de qualidade, por exemplo, aqui em S.Brás de Alportel e também que o ideal seria que todos os menos favorecidos que quisessem, pudessem igualmente recorrer às escolas privadas, com o apoio do Estado.

No caso de S.Brás de Alportel, porém, à excepção da Misericórdia e dos ATL’s, não existem quaisquer infantários ou creches privadas o que diminuí o poder de escolha dos pais, num espaço em que a oferta também já é reduzida. Esta pecha faz com que esse seja um senão aqui no concelho que faz com que muitos (incluindo eu próprio) tenhamos que ponderar a hipótese de mudança de residência para outros concelhos onde a oferta, neste campo, seja mais ampla e diversificada.

Termino, fazendo minhas as palavras do director do “Público”, do passado dia 22 de Maio, José Manuel Fernandes, segundo “o qual se as escolas escolhessem os professores, se os alunos escolhessem as escolas, se o Estado se limitasse a dar orientações gerais, em vez de dirigir, e desse um cheque-ensino aos alunos menos abonados que quisessem ir para uma escola mais exigente, ou melhor, privada e paga, ganharia a qualidade de ensino e o ministro das Finanças agradeceria. Só os interesses instalados se revoltariam.” Para uma consulta do artigo, veja-se aqui


MRC - Artigo publicado na Edição de Junho/2007 do "Noticias de S.Brás"

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