09 abril 2007

Milhares de flores alegram procissão

Tochas saem à rua em dia de Páscoa

A chuva que caiu ontem à tarde, acompanhada de trovoada, não desmobilizou os cerca de 60 voluntários são-brasenses empenhados nos últimos preparativos da Festa das Tochas Floridas. Para a cerimónia, que se realiza hoje de manhã, foram colhidas milhares de flores campestres, que irão cobrir as ruas da vila por onde passará a procissão.

“A chuva não impede que se trabalhe. Mesmo que continue a chover vamos colocar as flores na rua. Acredito que à hora da procissão vai fazer sol. Será a recompensa por estes dias de trabalho”, acredita Helena Belchior, que há cerca de 20 anos colabora na organização de um dos maiores cartazes turísticos de S. Brás de Alportel.

Ontem ainda se seleccionavam as cerca de duas toneladas de flores que irão “maravilhar” os milhares de visitantes. “Desde segunda-feira que apanhamos flores no campo: rosmaninhos, malmequeres, funcho, alecrim e hera”, revela Maria Martins, que há dez anos ajuda a separar flores para as molduras coloridas que embelezam as ruas.

Muitos dos participantes dormiram poucas horas nas últimas noites. Como Filipe Sádio, 18 anos, que irá decorar a Rua de Tavira, uma das artérias por onde passa a procissão. “Vamos dormir até às 04h00 e a partir dessa hora começamos a colocar as flores para conseguirmos ter tudo feito pela manhã”, revela o estudante, para acrescentar: “Esta festa é um símbolo da minha terra, espero que nunca acabe.”

Aguardente no Cortejo

A Procissão de Aleluia que hoje percorre as ruas de S. Brás de Alportel a partir das 11h30 (uma hora antes é celebrada missa na Igreja Matriz), é marcada pela ornamentação das artérias com milhares de flores. Os homens da terra, que integram a procissão encabeçada por jovens, transportam as tochas, também elas feitas de flores campestres.

Envergando opas brancas, gritam em coro “Ressuscitou como disse, Aleluia!” É a manifestação popular de fé em Cristo ressuscitado. Para aclarar a garganta, manda a tradição que vão bebendo aguardente ou uísque e passando a garrafa uns pelos outros. “Ficam mais ‘quentes’. Dá-lhes alegria e força para cantar”, admite Helena Belchior.

Ana Isabel Coelho
In: Correio da Manhã 08/04/2007

Sem comentários: