11 abril 2007

Projecto recupera tradições perdidas

Aldeias em Flor 2007

Com um investimento total de 50 mil euros, onze aldeias da região participam no projecto “Aldeias em Flor 2007”, numa iniciativa da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, no âmbito do Plano Estratégico de Revitalização das Zonas de Baixa Densidade.

As aldeias começaram a ser decoradas no passado dia 21 de Março e a iniciativa termina só a 1 de Julho, sendo que cada aldeia promove ainda uma festividade tradicional, e os restaurantes confeccionam os petiscos típicos de cada localidade.

Depois da Festa do Folar, que decorreu nos dias 7 e 8 de Abril em Barão de São Miguel, Lagos, a próxima das 11 “Aldeias em Flor” a comemorar a festa tradicional vai ser Bordeira, em Aljezur, dia 22, com o Passeio Pedestre da Primavera. Mas as flores já podem ser apreciadas em muitas janelas e passeios por esse Algarve afora.

“O objectivo”, explica a vice-presidente da CCDR Algarve, Catarina Cruz, “é elevar a auto estima das populações, revitalizar iniciativas esquecidas, promover o turismo rural e dinamizar as economias locais, nomeadamente a restauração, onde se encontra a verdadeira comida tradicional”.

Ao longo dos últimos quatro anos a CCDR tem realizado outros projectos do género, como os “Presépios das Aldeias do Algarve”, que começou por abranger apenas as 11 aldeias que fazem parte do Plano de Revitalização, mas que no ano passado já contou com 24 aldeias. Depois houve um projecto ligado à gastronomia, e agora é a vez das “Aldeias em Flor”.


In Loco dinamiza no terreno

No terreno, incumbida de dinamizar a acção, está a Associação In Loco, que ganhou o concurso público promovido pela CCDR para o efeito. “O nosso papel é fazer a dinamização de todo o processo. E como nunca tinha sido feito, tivemos de desenha-lo do início. A CCDR avançou com ideias bastante gerais, e coube-nos a nós desbravar caminho, definir formas, lógicas e sistemas de organização, o que nos deu margem criativa, sendo que começámos por mudar a designação. A CCDR apresentou o título de «As Aldeias Mais Floridas», mas era um pouco palavroso e, fazendo uma analogia às «Amendoeiras em Flor», sugerimos o título: «Aldeias em Flor»”, conta Artur Filipe Gregório, da In Loco, ao Região Sul.

“O nosso objectivo é realizar uma acção de dinamização do mundo rural, investindo na animação da comunidade. Nalguns sítios conseguimos mais do que noutros. Mas a lógica ficou lançada. E os nossos interlocutores, quer sejam as juntas de freguesia, quer sejam as associações e colectividades locais, abraçaram bem a ideia e acho que estão a assumir exemplarmente as iniciativas. Nós esperamos que a ideia não se esgote aqui mas sim seja uma forma de reviver e recuperar a tradição de decorar ruas, casas e fachadas com flores, na Primavera, o que mostra, acima de tudo, o amor que as populações têm à terra e à comunidade”, reforça o responsável.

Mais de 1500 euros para cada aldeia

São as pessoas que colocam as flores e decoram as ruas, mas a expensas da In Loco, através da CCDR. À partida cada aldeia teria até 1500 euros para despesas com flores e vasos. Porém a In Loco, diz Artur Gregório, “conseguiu esticar um pouco mais” com “acordos de descontos com algumas empresas da região”. Ao todo rondam as três centenas de flores e plantas adquiridas e expostas em cada uma das 11 aldeias. Contudo o mesmo responsável sublinha que é “uma iniciativa que precisa de mais tempo para ter resultados”. “Muitas das plantas só para o ano é que estarão no seu máximo esplendor”.

Querença, Loulé, uma das 11 aldeias, está a ser alvo de outra iniciativa que é a Valorização do Património e que coincidiu com a data das “Aldeias em Flor”, sendo que o centro está completamente em obras, o que tem feito atrasar o processo, pelo que iniciativa não irá decorrer no centro principal da aldeia, mas sim nos núcleos habitacionais em redor. Já em Bordeira, a aldeia prevista era Carrapateira, mas por via do mesmo motivo, a acção teve de ser deslocada para a sede de freguesia.

Projecto deve ter continuidade

Como referiu Artur Filipe Gregório, o projecto só faz sentido se tiver continuidade, mas em termos financeiros, por parte da CCDR, não está certo de que venha a repetir-se, apesar do próximo QREN – Quadro de Referência Estratégica Nacional, também conter medidas previstas para zonas de baixa densidade.

“Ainda está em estudo se se vai repetir ou não, porque este Quadro Comunitário de Apoio está a terminar. O novo Quadro de Referencia Estratégica Nacional (QREN) também tem medidas previstas para zonas de baixa densidade, mas o montante é menor e teremos de ser mais selectivos nos projectos. De qualquer forma vai depender, primeiro que tudo, do balanço que será feito pela CCDR, que vai estudar o impacto, tentando perceber se as pessoas agarraram ou não a ideia, se valeu ou não a pena”, esclarece a vice-presidente, Catarina Cruz, que ainda assim remata: “Mas em princípio valerá sempre a pena, quanto mais não seja porque promove mais uma festividade local. Pode é não alcançar os objectivos no seu todo. Mas será sempre positivo”.

As onze aldeias

As aldeias são Bordeira, Aljezur; Alportel, São Brás de Alportel; Estoi, Faro; Barão de São João, Lagos; Alferce, Monchique; São Marcos da Serra, Silves; Querença, Loulé; Cachopo, Tavira; Vaqueiros, Alcoutim; Odeleite, Castro Marim; e Cacela Velha, Vila Real de Santo António.

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