30 março 2007

Roberto Nobre

104º aniversário do nascimento

aqui afixa-se uma cronologia "mínima" da vida e da obra de Roberto Nobre:

1903 – Nasce a 27 de Março, em São Brás de Alportel, José Roberto Dias Nobre.

1919-1920 – Colabora no periódico Alma Lusitana de Faro.

1920 – Funda no Algarve, juntamente com outros amantes do cinema, uma produtora cinematográfica de parcos meios financeiros: a Gharb-Film

1922 – Conhece Ferreira de Castro, iniciando com este uma forte e duradoura amizade.

1923 – Expõe em Lisboa, pela primeira vez, os seus quadros numa mostra partilhada com Isaura Cavalheiro.

1925 – Elabora ilustrações para os periódicos Batalha e ABC.

1926 – No dia 28 de Maio, Salazar sobe ao poder, dando início ao regime totalitário a que Nobre se opôs durante toda a sua vida.

– Nobre fixa-se em Lisboa e emprega-se na empresa Singer, onde trabalhou no domínio da publicidade.

– Colabora como ilustrador na revista Civilização, fundada por Ferreira de Castro.

1934 – Começa a publicar ensaios sobre cinema no jornal O Diabo.

1937 – Ilustra a edição de Pequenos Mundos e Velhas Civilizações, de Ferreira de Castro

1938 – Ilustra A Selva de Ferreira de Castro.

1939 – Publica Horizontes do Cinema, que ainda hoje é uma obra de referência dos estudos cinematográficos em Portugal.

1940 – Por questões ideológicas, recusa um convite “generoso” para participar na Exposição do Mundo Português, o que lhe valerá a antipatia do Estado Novo.

1946 – Publica O Fundo – Comentários ao Projecto da Nova Política de Cinema em Portugal, texto apreendido pela Censura do Regime.

1964 – Publica na Portugália a obra Singularidades do Cinema Português.

1969 – Morre em Lisboa, a 27 de Setembro.

1972 – É publicada postumamente a obra Cervantes ou Ontem e Hoje com Dom Quixote.


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Roberto Nobre e a sua amizade com Ferreira de Castro


Transcrevesse aqui um excerto de um texto de Filipa Palma (que em 2003 era aluna do 11º ano da E. S. de São Brás de Alportel) sobre o tema em epígrafe. O texto completo encontra-se no livrinho Roberto Nobre: Fragmentos de um Legado.

“Roberto Nobre e Ferreira de Castro eram dois tecelões de sonhos literários e artísticos, sonhos que se ligavam aos seus anseios de fraternidade e justiça. Segundo Ferreira de Castro, foram companheiros nas alegrias e nas dores e só no fim das suas vidas os elos que os uniam se quebraram. Afirmou o autor de A Selva que, com o desaparecimento de Nobre, alguma coisa morrera dentro nele para sempre.

Ferreira de Castro vivia então da escrita que produzia para diversas publicações. Quando Nobre chegou a Lisboa, Castro solidarizou-se com ele e pediu aos directores dos jornais para encarregarem o jovem sambrasense das ilustrações dos seus trabalhos. Mas a ligação entre os dois prolongava-se para lá do trabalho. Todas as noites Ferreira de Castro e Roberto Nobre se reuniam com Assis Esperança numa pastelaria da Avenida da Liberdade, quando esta estava deserta. No verão sentavam-se ao ar livre, à mesa de uma esplanada de raros clientes onde pouco dinheiro despendiam. Em conjunto sonhavam não apenas com o seu futuro artístico, mas também com uma sociedade justa para todos os homens. Além disso, noite após noite, com uma persistência elevada, Nobre decorou o pequeno gabinete de trabalho que Ferreira de Castro tinha na Rua do Diário de Notícias, no número 44. […]

Roberto Nobre teve então um casamento precoce que dificultou ainda mais a sua vida. Assim empenhou-se arduamente, redobrou os seus esforços quotidianos, trabalhando desesperadamente em várias revistas que a Bertrand publicava na altura. […]

Algum tempo depois, o lar de Nobre desmoronou-se e ele voltou ao convívio antigo com Ferreira de Castro. Ilustrou, então, um livro de Ferreira de Castro intitulado Pequenos Mundos e Velhas Civilizações, como já dez anos antes havia ilustrado a Epopeia do Trabalho. Mas com o passar do tempo a actividade de ilustrador foi dando lugar à de ensaísta, que se tornou dominante. À crítica de cinema juntou a de artes plásticas, onde, segundo Ferreira de Castro, triunfou também. […]”

Ricardo António Alves editou e publicou o livro: Ferreira de Castro e Roberto Nobre: Correspondência, 1922-1969, Lisboa, C. M. de Sintra, 1994. Na fotografia estão, claro está!, os dois artistas, A foto foi retirada da revista «Eva», de 1953, mas reporta-se a duas décadas antes, na esplanada da «Veneza», onde se situava a tertúlia deles. «A tertúlia dos anarquistas», como alguns a denominavam...

1 comentário:

Alexandre Dias Pinto disse...

Recordo-me muito bem do livro e do texto da Filipa (que eu orientei). Parabéns pelo blogue e pela divulgação da obra de Nobre.
Espero que o blogue volte a ganhar força e a publicar novos posts regularmente.